Se avexe não
Amanhã pode acontecer tudo
Inclusive nada
Se avexe não
A lagarta rasteja até o dia
Em que cria asas
Se avexe não
Que a burrinha da felicidade
Nunca se atrasa
Se avexe não
Amanhã ela pára na porta
Da sua casa
Se avexe não
Toda caminhada começa
No primeiro passo
A natureza não tem pressa
Segue seu compasso
Inexoravelmente chega lá
Se avexe não
Observe quem vai subindo a ladeira
Seja princesa ou seja lavadeira
Pra ir mais alto vai ter que suar
Em uma sala de espera, folheando a Revista VEJA nº 18 de maio de 2006, li esta reportagem:
Vamos acabar com as notas
Stephen Kanitaz
"O que significa dar uma "nota" a um ser humano? [...]
É possível medir a capacidade criativa de um aluno? [...]
Ninguém estuda mais pelo amor ao estudo, mas pelas [...] notas.
[...] Imaginem um sistema geral de auto-avalização em que os alunos não mais estudariam paraas provas, mas estudariam para serúteis na vida.
Criamos um sistemaeducacional em que o aluno descobriria que não é o professor que tem de dar notas, é o próprio aluno. Todo mês, todo dia, todo semestre, pelo resto de sua vida."
Vamos REPENSAR as notas, as provas, que nada avalia.
"Toda e qualquer atividade a ser desenvolvida, seja teória ou prática, requer procedimentos adequados. Justamente é o que a palavra método traduz. Assim sendo, também o estudo e o aproveitamento das atividades acadêmicas não dispensam um caminho adequado, qual seja a organização, a disciplina a dedicação corretamente orientada. Tudo isso facilita a atividade e obtém dela maior rendimento". (trecho retirado do livro Aprendendo a Aprender de Celverson Bastos e Vicente Keller).
Uma boa música, uma boa leitura, seja a escrita ou a corporal, sempre nos levam a lugares, sentimentos, realizações e identificações que muitas vezes só percebemos quando nos proporcionamos viver o momento. Vejamos:
Carlinhos Brown canta "o amor quer ter saúde / Deixa o amor ter /
O amor não tem limites / Deixa o amor ter /
O amor quer ver o mundo / Deixa o amor ter /
O amor quer ter as coisas / Deixa o amor ter"...
Retrata um AMOR liberal, sem limites...
Ivan Lins canta:
O amor tem feito coisas / Que até mesmo Deus duvida /
Já curou desenganados / Já fechou tanta ferida /
O amor junta os pedaços / Quando um coração se quebra /
Mesmo que seja de aço / Mesmo que seja de pedra /
Fica tão cicatrizado / Que ninguém diz que é colado /
Foi assim que fez em mim / Foi assim que fez em nós /
Esse amor iluminado /
Fica tão cicatrizado / Que ninguém diz que é colado /
Foi assim que fez em mim / Foi assim que fez em nós /
Esse amor iluminado...
Retrata um AMOR que tem o poder de curar, cicatrizar, iluminar.
Mateus, (21, 36-39) pergunta a Jesus
"Mestre, qual é o maior mandamento da lei?" Respondeu Jesus: "Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda tua alma e de todo o teu espírito" Este é o maior e primeiro mandamento. E o segundo semelhante a este é: "Amarás o teu próximo como a ti mesmo".
Para Lya Luft: "Falta de amor e de atenção pode ser uma emergência".
E Paulo Coelho escreve em O Alquimista: "Quando se ama, não é preciso entender o que acontece lá fora, porque tudo passa a acontecer dentro de nós."
E o que temos feito com o nosso AMOR?
"Este é um dos princípios básicos das relações interpessoais. Não saimos ilesos significa sairmos diferentes, pessoas melhores ou piores do que aquelas que éramos ao iniciarmos o encontro.
E o que determina a qualidade desse encontro? O que nos faz melhores ou piores? Não existe uma resposta única para essa questão ou uma explicação definitiva para pergunta tão complexa. Complexos e imprevisíveis são os seres humanos, e misteriosas são as relações que estabelecem entre si.
Poderíamos explicá-las falando de destino? De vidas passadas? De afinidades, identificação, complementação?
Ou poderíamos falar de uma química corporal? Talvez um pouco de cada um desses fatores um tanto vagos e abstratos. Uma coisa, no entanto é certa; algumas pessoas se relacionam mais facilmente com as outras, tanto a nível pessoal quanto profissional. São pessoas que mantêm relacionamentos duradouros com amigos e com o companheiro; são pessoas procuradas como confidentes por conhecidos e colegas de trabalho que enfrentam alguma crise. O que as torna diferentes das demais? Sua simpatia, sua aparência, seu bom humor constante?
Novamente aqui, a explicação estaria somente nesses fatores subjetivos?
Ou poderíamos explicar seu sucesso nos relacionamentos também através de algum fator objetivo?
A resposa é SIM.
Sim, existem elementos objetivos que favorecem as relações entre as pessoas: esses elementos são as habilidades interpessoais que desenvolvemos ao longo da vida de maneira informal, assistemática."
Aqui fica um convite.
LEIA: CONSTRUINDO A RELAÇÃO DE AJUDA de Clara Feldman e Márcio Lúcio de Miranda da editora Crescer e veja como essa leitura pode contribuir com sua relação interpessoal.
"A realidade do outro não está naquilo que ele revela a você, mas naquilo que ele não lhe pode revelar.
Portanto, se você quiser compreendê-lo, escute não o que ele diz, mas o que ele não diz" (Kalil Gibran)
Muitos acham que qualidade vida é trabalhar menos, dormir mais, e ficar na montanha. Qualidade de vida e viver apaixonadamente, pela vida, pelo que você faz e apaixonado pelas pessoas." (Roberto Shinyashiki)
Jane Glady Ribeiro Duque[1]
Moema Duque Soares[2]
RESUMO
Neste artigo pretende-se analisar no procedimento de avaliação visto que esta é uma ação excludente, classificatória, que julga e não determina nem avalia o aprendizado. Enfatiza teoricamente a avaliação no processo ensino aprendizagem de acordo com as concepções pedagógicas e os diversos meios de avaliar, tendo como, tendo como alicerce metodológico pesquisas bibliográficas. Igualmente procura-se estabelecer relações entre exame e avaliação da aprendizagem remetendo a reflexão acerca do questionamento: é possível mudar a maneira atual e tradicional de avaliar? Tem como finalidade abordar as ferramentas educacionais da avaliação explanando cada uma delas de forma objetiva, oferecendo um respaldo teórico ao leitor. Resgata-se a literatura de teóricos respeitados na área educacional, evidenciando assim, a trajetória da educação junto aos mecanismos da avaliação. Por fim, analisa-se a contribuição da avaliação seja como exame escolar ou como avaliação da aprendizagem, focalizando a ação do educador.
Palavras-chave: avaliação; aprendizagem; concepções pedagógicas; exame; avaliação da aprendizagem.
INTRODUÇÃO
Este artigo faz uma abordagem teórica sobre a avaliação no processo ensino-aprendizagem. Inicialmente evidencia-se a trajetória da educação (citando as concepções pedagógicas) caracterizando respectivamente as ferramentas avaliativas usadas. Justifica-se tal abordagem buscando-se excelência na avaliação dos aprendentes realizada pelos educadores dos cursos de graduação, neste sentido “[...] não estamos acostumados a ver a avaliação como incentivo à aprendizagem e sim como identificadora de resultados obtidos” (MASSETTO, 2003, p. 149). Com base nestas observações surge um questionamento: é possível mudar a maneira atual e tradicional de avaliar?
Evidencia-se a complexidade da avaliação quanto ao processo de ensino-aprendizagem. Deste modo o objetivo do artigo é fazer uma reflexão e análise com referência ao processo avaliativo através de pontuação tendo como características, educação: um passado ainda presente; um meio de transformação social; uma tortura medieval? a práxis pedagógica; a avaliação e suas implicações no ensino superior; avaliação da aprendizagem x exame, elencado na abordagem de Luckesi (2002 e 2003), investigando os dois processos, focalizando suas características e relevância para o processo educacional.
Busca-se uma avaliação de qualidade que compreenda o sujeito como um ser integral[3] que está inserido no processo educativo. Com a intenção de proporcionar reflexões, e impulsionar mudanças no âmbito educacional, propõem-se pesquisar empiricamente a respeito deste assunto que é tão polêmico e complexo.
De acordo com Gil (2002, p. 44) “Os livros constituem as fontes bibliográficas por excelência” este artigo cientifico tem como alicerce metodológico pesquisas bibliográficas publicadas em livros, revistas, artigos científicos, bem como as eletrônicas, que contribuíram para o embasamento do problema proposto. Este não será apenas mais um trabalho de conclusão de curso, e sim uma produção acadêmica de cunho pesquisador, que servirá de referencial teórico aos profissionais da área educacional.
EDUCAÇÃO: UM PASSADO AINDA PRESENTE
O século XXI chegou trazendo algumas transformações para o campo educacional. O ensino tradicional enfraqueceu deixando professores sem norte em suas práticas (GADOTTI, 2005). A educação deixou de ser apenas transmissão de conhecimento. Atualmente os professores ensinam e aprendem com os alunos, como expressa Freire (2001, p. 25), “Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender”. A concepção interacionista ganhou espaço no sistema educativo brasileiro, e um dos pontos que chamam a atenção é a avaliação.
Não apenas os métodos sofreram alterações no sistema brasileiro de ensino. A verdade é que com tantas transformações no segmento cultural, social, político e econômico do país, restou para a educação o desafio de tentar sistematizar e resolver os problemas do século. Esta passou a ser vista como um dos recursos essenciais capazes de reestruturar o mundo. Devido a esse fato, as instituições vêm desempenhando seu papel de forma a aceitar as inovações trazidas pelas concepções mais atuais de ensino.
De acordo a abordagem de Luckesi (2002) a aprendizagem passou a ser vista com mais interesse pelo professor desde que o aluno passou a ser o centro do processo educacional. Entende-se que a avaliação da aprendizagem é possível e que deve ser realizada mediante o compromisso do professor com o ensino e com a aprendizagem do seu alunado.
A educação como transmissão de conhecimento e vista como uma prática mecânica era incapaz de oferecer subsídios para mudanças sociais. O sistema social de ensino acontecia sem ater-se às necessidades dos aprendentes. Evidências demonstram que quanto maior os níveis de educação, maiores são as chances de elevação do cidadão. A educação é um dos veículos de transformação social, pois na medida em que o indivíduo se desenvolve, conseqüentemente ele evolui e se revela para a sociedade na qual se encontra inserido, não como uma caixa fechada, mas, como um presente que transborda sabedoria para um bem global.
EDUCAÇÃO: UM MEIO DE TRANSFORMAÇÃO SOCIAL
A inquietação quanto ao processo de avaliação deve-se ao fato de perceber-se que com o desenvolvimento, a sociedade carece de atenção e zelo quanto ao ato de avaliar.
Aquino (1996, p. 39) pergunta: “Qual o papel da escola?”. É abordado que a escola tem a função de atender as necessidades preparando o cidadão para o convívio em sociedade. É necessário ir além. As instituições de ensino têm como finalidade mediar a educação que cada um já traz do seu convívio social fazendo com que o aluno amplie seus conhecimentos, desenvolva as habilidades e competências que são intrínsecos ao ser humano. Cabe, portanto ao educador conhecer a essência e potencialidade dos aprendentes, para que possa de fato efetivar um trabalho pedagógico que seja favorável.
Segundo Abramowicz apud Pellegrini (2001, p. 23) “a maneira como uma escola avalia é o reflexo da educação que ela valoriza”. Necessário se faz valorizar o aprendizado e evolução efetiva do aprendente.
Sabe-se que a educação contribui para a transformação da realidade de uma sociedade. Nela, educadores e educandos são sujeitos do processo, que ocorre através do aprendizado solidificado mediante a troca de saberes.
Educar é construir, é libertar o homem do determinismo, passando a reconhecer o papel da História e onde a questão da identidade cultural, tanto em sua dimensão individual, como em relação à classe dos educandos, é essencial a prática pedagógica proposta. (FREIRE, 2000, p. 46). O processo de educar será inoperante se não for respeitada a identidade, autonomia, sem levar em conta as experiências vividas pelos educandos antes de chegar à escola.
A educação é ideológica, por ser formadora de idéias, valores, opiniões, crenças, por estabelecer a verdadeira comunicação de aprendizagem entre seres constituídos de desejos e sentimentos.
É neste sentido que o ensinar não é transferir conhecimento, conteúdos nem formar é a ação pela qual um sujeito criador dá forma, estilo ou alma a um corpo indeciso e acomodado. Não há docência sem discência, as duas se explicam e seus sujeitos, apesar das diferenças que os conotam, não se reduzem à condição de objeto, um do outro. (FREIRE, 2001, p. 25).
A educação é o instrumento mais viável para a efetivação do exercício de cidadania, que se apreendido, sem dúvida torna-se um estado de espírito e enraíza-se. É um processo através do qual a pessoa resignifica conhecimentos gerais, científicos, artísticos, técnicos ou especializados. Por meio da educação a pessoa não só amplia e troca conhecimentos, mas procedimentos e atitudes necessárias para o engrandecimento do ser humano.
Educadores e educandos se arquivam na medida em que, nesta distorcida visão da educação, não há criatividade, não há transformação, não há saber. Só existe saber na inovação, na reinvenção, na busca inquieta, impaciente, permanente, que os homens fazem no mundo, com o mundo e com os outros. (FREIRE, 2000, p. 66).
Há diversos instrumentos para analisar o desempenho do aluno, paralelamente o do professor, e fazer com que todos integrem o processo de ensino-aprendizagem. Neste contexto aborda-se a avaliação como sendo uma ferramenta educacional que promove a ação e a reflexão dos indivíduos inseridos nesta prática.
AVALIAÇÃO: TORTURA MEDIEVAL?
A avaliação que durante anos foi uma ameaça autoritária para a prática educativa está mudando, porém continua sendo um dos entraves da educação. Cada autor/professor defende suas idéias, teses, embasados na concepção de ensino que adotam.
A avaliação deve servir para aumentar a confiança do aluno em sua própria capacidade. A avaliação é um meio, um instrumento que deve servir como ponto de referência para o aluno, para que saiba em que direção está avançando. (PILETTI, 2003, p.168). É preciso que a avaliação sirva para que todos possam ter experiências de sucesso, para orientar os professores sobre as dificuldades, os aspectos positivos e as necessidades de cada um, não para comparar os alunos entre si de acordo com um critério único, criando competição, inveja e frustração, mas para auxiliar na evolução.
O que pode-se perceber claramente é que tal como afirma Perrenoud (1999, p.9) “A avaliação não é uma tortura medieval”, nem uma ação mecânica do professor, muito menos um acerto de contas.
A avaliação [...] vem sendo considerada um ato penoso de julgamentos de resultados. Essa concepção, consciente ou inconsciente, transformou-se e sedimentou-se numa prática coletiva angustiante, embora exercida pela maioria. [...] Reduzem a avaliação a uma prática de registro de resultados acerca do desempenho do aluno em um determinado período. (HOFFMANN, 2001, p. 27).
Avaliar deveria se constituir em momento reflexivo. Por outro lado, a avaliação, inegavelmente, funciona como uma ferramenta que viabiliza a exclusão, utilizando a nota como um instrumento de poder na relação professor/aluno, com função meramente burocrática e que não reflete o processo de aprendizagem ocorrido. O ato de mencionar uma nota como forma de certificar se houve aprendizagem por parte do aluno, priva também a avaliação da mediação do professor, pois uma vez que houve falhas no processo ensino aprendizagem este também é responsável.
[...] a nota é tão valorizada nas escolas que cria trauma, medos, e até sintomas físicos, como tremedeira, transpiração excessiva, diarréias, etc. É evidente que o pavor de tirar nota baixa, o medo diante de uma prova prejudicam a aprendizagem e o rendimento do aluno. Se as notas não podem ser abolidas, como seria desejável, sua importância deve ser reduzida ao mínimo indispensável, de forma que não interfiram negativamente na aprendizagem, sem qualquer proveito para o aluno. (PILETTI, 2003, p. 163).
O objetivo da avaliação, sob o enfoque tradicional, é meramente verificar se os objetivos foram atingidos e se houve a aprendizagem dos conteúdos trabalhados. Há uma preocupação única com a avaliação da área cognitiva, ignorando-se por completo as áreas afetivas e motoras. Este tipo de avaliação caracteriza-se por um período de apresentação de um conteúdo, por parte do professor, e logo a seguir a aplicação de uma prova, referente a este conteúdo trabalhado, a fim de obter uma classificação, medição do conceito aprendido naquele momento. (LUCKESI, 2002; PERRONOUD, 1999).
Hoffmann (2001) enriquece esta abordagem citando que:
Parece-me necessário desestabilizar práticas rotineiras e automatizadas a partir de uma tomada de consciência coletiva sobre o significado dessa prática e esse é um desafio que se tem a enfrentar! O maior dentre os desafios é ampliar-se o universo dos educadores preocupados com o “fenômeno avaliação”, estender-se a discussão do interior das escolas a sociedade, pois [...] temos o compromisso de construir outra história para as futuras gerações, descaracterizada da feição autoritária que ainda reveste, em busca de uma ação libertadora. (p. 25). Assim como para Hoffmann (2001) há uma “feição autoritária” e uma “ação libertadora” Vasconcelos (2000) afirma a existência das perspectivas antagônica: integradora e excludente.
Outro teórico estudioso deste tema, Perrenoud (1999), também defende a concernência de duas lógicas da avaliação: a formativa (de caráter qualitativo) e a seleção (de caráter quantitativo).
A avaliação formativa tem como função ajudar o aluno a aprender e a progredir rumo aos objetivos propostos, avaliar o aprendizado através de diagnósticos, verificando o que o aluno sabia antes, e o que apreendeu naquela aula e as dificuldades encontradas. O que prevalece neste tipo de avaliação é o processo de aprendizagem, o crescimento e desenvolvimento do aluno em relação a si e aos objetivos propostos para a aprendizagem acontecer de fato. De acordo a abordagem de Hadji (2001) a mudança da forma de avaliar tradicional para a formativa acontece quando o professor passa a ver o aluno como um indivíduo que aprende de forma contínua, considerando todo o processo de aquisição do conhecimento, ou seja, do início como ele estava, o que sabia (conhecimento prévios) finalizando com o que ele acrescentou no seu saber.
A esse respeito cita-se os três passos do processo de avaliar sob a ótica de Luckesi apud Gentilde; Andrade (2001, p. 16):
1. Conhecer o nível de desempenho do aluno (constatação da realidade);
2. Comparar essa informação com aquilo que é considerado importante no processo educativo (qualificação);
3. Tomar as decisões que possibilitem atingir os resultados esperados.
Assim sendo, os critérios para a avaliação devem ser bem definidos, levando em consideração o que foi ensinado, não deixando de lado a realidade do aprendizado e desempenho do aluno e da turma. Gardier apud Kalinke (1999, p. 135), define avaliação como:
[...] a obtenção de informações sobre as capacidades e potenciais dos indivíduos, com o duplo objetivo de proporcionar um “feedback” útil aos indivíduos e informações proveitosas para a comunidade circundante.
Dentre os referidos teóricos optou-se por aprofundar os estudos na concepção de Luckesi (2003), por esta evidenciar uma abordagem voltada muito mais para a reflexão do que simplesmente pela distinção de “tipos” de avaliação. Luckesi (2003) enfoca que o problema educação não é a avaliação e sim a aprendizagem: “Aprovação é conseqüência da aprendizagem, por isso, o que nós temos que buscar é a aprendizagem e é para isso que serve o processo avaliativo” (p. 22).
PRÁXIS PEDAGÓGICA
Os indivíduos têm ritmos diferentes e essas particularidades devem ser respeitadas pelas instituições. Prova traumatiza podendo comprometer o desempenho do aprendente. Lembra-se mais dos professores que ajudam no crescimento, desenvolvimento sem repressão, pelo modo de interagir, mediar as informações, e constata-se que os mais lembrados são os que de fato se empenharam para que o aprendizado ocorresse.
A sala de aula assemelha-se a um útero materno, é o lugar onde cada ser humano, na sua prática escolar, deve ser recebido para, num tempo, processar passos de seu desenvolvimento. Esse espaço necessita de ser acolhedor, nutridor; e o tempo necessita de ser o tempo necessário para que esse desenvolvimento se dê. (LUCKESI, 2003, p. 63).
Interesse, dificuldade ou facilidade em determinadas disciplinas estão diretamente relacionados ao perfil e à conduta do professor responsável por aquela área do saber. Outra questão é se o professor foi capaz de possibilitar ou obstruir o aprendizado e de deixar marcas profundas na performance intelectual de cada aprendente. Os efeitos do período escolar dependerão do incentivo do professor e da práxis utilizada por ele. Qualquer trabalho desenvolvido deixa marcas no indivíduo.
O ensino não se resolve com um único olhar: exige constantes balanços críticos dos conhecimentos produzidos no seu campo (as técnicas, os métodos, as teorias), para deles se apropriar. (PIMENTA; ANASTASIOU, 2002, p. 204).
Por outro lado, percebe-se que infelizmente ainda há um enorme abismo entre a teoria e a prática. Precisa-se transformar as palavras em ação. Isso é o suficiente, pois vontade de mudar já existe. O que falta é ação no educar e atitude por parte do educador.
Masetto (2003) envolvendo alguns dos elementos necessários à práxis pedagógica enfoca que:
O processo de avaliação está integrado ao processo de aprendizagem. Este resulta da inter-relação de, pelo menos, três elementos: o aluno que procura adquirir aprendizagens; o professor, cujo papel é o de colaborar para que o aluno consiga seu intento; e um plano de atividades que apresente condições básicas e suficientes, que, sendo realizados, permitam ao aprendiz atingir seu objetivo. (p.150-151).
O educador do século XXI não deve compactuar com uma prática defasada que faça continuar o mesmo modelo de avaliação de quatro séculos. Que o próximo século registre uma história diferente. Caso não apresente um modelo “novo” de avaliação, que ao menos traga um modelo emergente. (GADOTTI, 2005).
Como o ensino universitário apresenta exigências de caráter legal quanto à assiduidade e conceitos quantitativos (notas), ao professor poucas vezes é concedida a chance de criar ou experimentar outras formas de avaliação. Porém, a avaliação deve ser a ponte que leva ao resultado da aprendizagem sem, contudo ser necessário aplicar um conceito de medida.
AVALIAÇÃO E SUAS IMPLICAÇÕES NO ENSINO SUPERIOR
A avaliação da aprendizagem é, sem dúvida, um dos assuntos mais abordados da prática educativa. Seja no ensino superior ou em qualquer outro segmento educacional, familiar, profissional. O ato de avaliar é discutido por ser visto como um dos aspectos mais importantes do trabalho pedagógico. Avaliar ou ser avaliado desperta questionamentos relevantes ao processo de aprendizagem: o que avaliar? Como avaliar? Quem avaliar? De que forma avaliar? Qual instrumento ou técnica utilizar para avaliar? Como serei avaliado? (KALINKE, 1999).
A clareza quanto aos objetivos a serem alcançados e como serão avaliados é de fundamental importância para alunos e professor, para lhes oferecer segurança quanto ao comportamento de ambos: o aluno sabendo onde deverá chegar e que passos deverá percorrer para isso; o professor sabendo quais as aprendizagens a serem obtidas pelo aluno e por meio de que referências poderá perceber se de fato foram ou não atingidas. (MASETTO, 2003, p. 156)
No cenário da educação superior as práticas avaliativas ainda não estão tão diferenciadas do que está posto nas teorias tradicionais. Embora avaliação seja um tema bastante abordado, este fica restrito a teoria, pois na prática a realidade é outra, percebe-se a necessidade de valorizar:
[...] as atividades que se realizam durante o período letivo, e as técnicas avaliativas sejam usadas para ajudar o aluno a aprender e não apenas para classifica-lo em situação de aprovação e desaprovação. (MASETTO, 2003, p. 148).
É comum discussões acerca de mudanças de paradigma, por outro lado, isso requer um esforço maior por parte do professor que ao invés de utilizar-se de instrumentos para a verificação da aprendizagem baseado em teste e prova, utilizará as produções e participações dos aprendentes durante todo processo, afinal, “a avaliação não é um momento, no final do processo de aprendizagem” (PILETTI, 2003, p. 162). A avaliação da aprendizagem deve ser capaz de buscar o que está intrínseco no aluno no sentido de possibilitar seu crescimento como indivíduo e como integrante de uma sociedade, deve apontar para a inclusão do cidadão num ambiente prazeroso que é o do conhecimento apreendido.
Para Masetto (2003, p. 149) o processo de avaliação tem como característica: “estar integrado ao processo de aprendizagem como um elemento de incentivo e motivação para a aprendizagem”. Avaliar a aprendizagem deveria servir como uma forma de guiar o processo de ensino, desde que realçado o aspecto positivo da avaliação que seria vivenciada pelo universitário como uma experiência que traz ganhos à sua formação. Camargo (1997) acredita que desta forma a avaliação estará favorecendo o desenvolvimento do aluno (intelectual e social) o que não seria possível enfatizando os aspectos negativos.
Quando a avaliação passa a ser um fato ameaçador, classificatório, de medição se perde no sentido de se ter prazer em aprender. No ensino superior é sinônimo de uma convivência tumultuada entre experiências tradicionais de ordem classificatória e tendências de procedimentos renovadores. De forma geral, os docentes têm dificuldades em serem coerentes quanto ao tipo de avaliação e o aluno torna-se um interlocutor passivo nessa relação conflituosa que se estabelece quanto ao tipo avaliação ao qual é submetido. Sendo assim, questiona-se quais as maneiras de avaliar para a valorização e evolução do aprendizado?
AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM X EXAME
O papel da avaliação da aprendizagem é o de auxiliar na construção da aprendizagem propriamente dita. A esse respeito Luckesi (2002) contempla que a avaliação da aprendizagem não deve ser restringida a um exame, e para isso evidencia as principais divergências entre estes:
O exame julga, aprova, reprova, seleciona; a avaliação da aprendizagem vai diagnosticar para atuar na zona que necessita de apoio, ela é dinâmica e inclusiva, se preocupa com o antes, durante e depois. O aluno é um ser em desenvolvimento contínuo, o que interessa é a aprendizagem. O exame pontua, mede o resultado, observa a condição do aluno naquele instante, se ele apreende depois não serve mais e para a avaliação os resultados são provisórios, avalia-se processualmente à medida que o aprendizado vai acontecendo e o aluno se desenvolvendo, observa-se toda a atuação do aluno.
O exame é classificatório, e a avaliação é dinâmica busca o aprendizado. O exame é seletivo, excludente e a avaliação é inclusiva, ela se preocupa com o desenvolvimento do ser dentro do seu processo. O exame é estático, seu nível de aprendizado é definitivo a avaliação se adapta ao aprendizado do aluno, tem uma prática autoritária enquanto a avaliação uma prática dialógica, na qual trocam-se idéias, opiniões, conceitos, com vista à solução de problemas, ao entendimento à comunicação. Portanto entre examinar e avaliar existe características básicas.
Tomando esses dois blocos de características, facilmente percebemos que hoje, na escola, no que se refere a acompanhamento da aprendizagem dos educandos, agimos mais de forma pontual, a partir de desempenho final, classificatória, seletiva e autoritária do que não-pontual, a partir de desempenho provisório, diagnóstica, inclusiva e democrática, o que quer dizer que mais examinamos do que avaliamos. (LUCKESI, 2002, p. 30).
Deste modo a avaliação da aprendizagem visa a autonomia, enquanto o exame prega o autoritarismo. Seguindo a linha de avaliação da aprendizagem, fica explícito que o conceito perde valor, as médias aritméticas deixam de existir e o aprendizado contínuo do aluno ganha espaço. Avaliar é um ato amoroso como aborda Luckesi (2002) e complementa que:
Deste modo, o educador é aquele que acolhe, nutre, sustenta e confronta o educando, tendo em vista oferecer-lhe condições para que construa e siga seu caminho com criatividade e independência. (p. 66).
Partindo desses pressupostos, o educador que tem uma prática voltada à aprendizagem do aluno não utiliza-se do exame e sim da avaliação da aprendizagem, por entender que esta favorece de forma positiva o crescimento do aluno. Como afirma Luckesi (2003, p. 24) “Não é a avaliação que determina a pedagogia, mas sim a pedagogia que configura a avaliação”. A avaliação é um ato indissociável da prática educativa, por este motivo deve-se ter a preocupação em conhecer um pouco mais a seu respeito, os recursos avaliativos que podem ser utilizados, para que não se avalie simplesmente com base em teste e prova, que são recursos mais usados nos exames escolares.
A avaliação da aprendizagem não é e não pode continuar, equivocadamente, sendo a tirana da prática educativa, que ameaça e submete a todos. Basta de confundir avaliação da aprendizagem com exames. A avaliação da aprendizagem, por ser avaliação, é amorosa, inclusiva, dinâmica e construtiva; diversa dos exames, que não são amorosos, mas que são classificatórios, seletivos, excludentes. A avaliação inclui, traz para dentro; os exames selecionam, excluem, marginalizam. (LUCKESI, 2003, p. 31).
Julgar, aprovar e reprovar não deve ser o objetivo da avaliação, mesmo por que isto remete a entender a avaliação e também a aprendizagem como um processo estático: o que não é verdade. De acordo a ótica de Luckesi (2003, p. 28) “a avaliação da aprendizagem no ensino não será um ato pedagógico isolado, mas sim um ato integrado com todas as outras atividades pedagógicas”. Deste modo, avaliação da aprendizagem tem como alicerce as práticas construtivas que vêem o ser humano como um ser em constante evolução, crescimento, desenvolvimento, aprendizagem, enfim, um ser em construção.
A prática da avaliação da aprendizagem, em seu sentido pleno, só será possível na medida em que se estiver efetivamente interessado na aprendizagem do educando, ou seja, há que se estar interessado em que o educando aprenda aquilo que está sendo ensinado. (LUCKESI, 2002, p. 99).
Portanto, a avaliação da aprendizagem precisa ser coerente, servindo de ponte entre o aprendizado, o professor e o aluno, alinhando a edificação de indivíduos capazes de alcançar o objetivo neste processo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O discurso é bonito, a atuação deixa a desejar; é fácil pensar, refletir, falar, debater, difícil é agir. Para fazer, precisa ter conhecimento e para mudar é necessário saber como e o que mudar. Nada se transforma sem ação. A forma de avaliar atualmente considerada como um dos instrumentos de que se dispõem, traz males que não estão sendo analisados. Na tentativa de transformar esse processo urge a necessidade da sensibilização para que haja uma mobilização estimulando e fortalecendo a consciência crítica sobre a problemática que a avaliação causa aos alunos.
Um período de aprendizagem não é um fim em si mesmo, mas uma forma de fazer aprender melhor e batalhar para que o fracasso escolar e as desigualdades sejam superados. A explicação sobre as causas da não aprendizagem e do fracasso escolar se encontra exatamente na prática pedagógica que não dá conta de atender à diversidade. O ensino assim, como conseqüentemente a avaliação não deve acontecer de forma a considerar uma classe de alunos como homogênea. Cada indivíduo aprende de uma maneira, tem um tempo particular e sendo assim, um tempo para ser avaliado (considerando a avaliação como processual).
O sistema educacional deve enfatizar uma nova proposta pedagógica, com estratégias inovadoras para lidar com problemas não resolvidos, aprender com experiências, compartilhar saberes e solucionar a problematização da avaliação autoritária e tradicionalista, baseado na melhoria da qualidade da educação, dando ênfase a um processo em busca da construção do conhecimento.
Espera-se muito em breve uma reflexão sobre avaliação com um processo de diálogo interativo visando fazer do indivíduo um ser melhor, mais autônomo, mais participativo, mais crítico, mais criativo, uma avaliação que leve a ação transformadora, não esquecendo da promoção social, de coletividade e da humanização.
É fundamental que se pense o processo avaliativo de forma mais global, caminhando para uma avaliação que conte com a participação de todos os envolvidos, de forma diferente e em diferentes momentos.
REFERÊNCIAS
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CAMARGO, Alzira Leite Carvalhais. O discurso sobre a avaliação escolar do ponto de vista do aluno. Revista da Faculdade de Educação do Rio de Janeiro, n. 15, fev. 1997.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 29. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2000.
___________. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. Paz e Terra, 18. ed. São Paulo, 2001.
GADOTTI, Moacir. Boniteza de um sonho: ensinar e aprender. São Paulo: Positivo. 2005.
GALVÃO, Izabel. Henri Wallon: uma concepção dialética do desenvolvimento infantil. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 1995.
GENTILDE, Paola; ANDRADE, Cristiana. Avaliação nota 10. A Revista do Professor Nova Escola. São Paulo: Abril, ano XVI, n. 147, p. 15-21, nov. 2001.
GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002.
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[1] Graduada em Administração Geral pela Faculdade UNIBAHIA
[2] Graduada em Normal Superior- Educação Infantil pelas Faculdades Jorge Amado
[3] Conceito baseado na teoria de Wallon: o desenvolvimento do indivíduo entendido de forma integrada, levando em conta os aspectos cognitivo, afetivo e motor (GALVÃO, 1995).